É lamentável ver os
crentes baseando sua fé em pouca coisa. A necessidade de aceitação desse
grupo ultrapassa o absurdo a ponto de se acharem ridículos porque alguém
não professa a mesma fé que eles.
Vibram por pouca
coisa. Menosprezam os sacrifícios dos personagens que protagonizaram as Cartas
de Paulo e a história do início da igreja. Se tivessem presenciado quantos
níveis de provações os mártires da Igreja passaram, ou ainda, só de imaginar
que o Mestre renunciou a sua glória para nos reconciliar com o Eterno... se
víssemos o Seu sofrimento pediríamos para que Ele não passasse por tudo aquilo.
Faríamos o papel do Lúcifer tentando-o fazer desistir de sua missão de ser
sacrifício vicário por nossos pecados.
Mas o que hoje
vemos? Cristãos superficializados esperando a aceitação da fé em Cristo Jesus
por pessoas consideradas legais, influentes, abastadas, ou qualquer outro
membro da sociedade digno de notoriedade. Isso ficou bem claro, recentemente,
quando os crentes ovacionaram o fato de Renato Aragão desistir de estrelar um
filme cujos princípios feriam a fé cristã. Era como se dependessem dessa
desistência para que a fé fosse autenticada mais uma vez.
“Rasos e
débeis”. Assim que o apostolo Paulo nos
chamaria se presenciasse nossa vibração com tamanha idiotice. Qual é o nosso
medo? Ainda bem que o Mestre não depende de Renato Aragão para ser reconhecido
como o Filho do Eterno. Ainda bem que Ele não precisa de que o Sr. Didi desista
de fazer algum filme para que sua obra redentora seja completa.
Temos é que nos
colocar em nosso lugar e saber que o evangelho é reflexo do poder do Eterno e
que nada pode para-lo. Muito menos um filme de filosofia rasa feito para
pessoas de conteúdo igualmente raso. Essa geração de crentes formatados que
constroem casas em terreno arenoso deve mesmo se preocupar com qualquer mudança
no tempo. Pois até mesmo uma brisa, como um filme, é capaz de abalar suas
casas. Sim, porque só mesmo a fé alojada em terreno instável pode depender que
um astro de televisão partilhe da mesma crença.
O mais duro é presenciar as congratulações por essa “vitoriazinha”
de conseguir fazer um palhaço desistir
de alguma palhaçada. Imaginem se fosse
na época do Mestre esse mesmo povinho que se denomina incomodadores do inferno
em ação.Visualize a cena: uma mobilização gospel colhendo assinaturas em
pergaminhos para que Jesus pregasse na maior sinagoga de Israel. Ou depois,
diante de Pilatos, todo o grupinho reunido com faixas e camisetas estampadas
com frases de efeito: “NÃO DEIXE CRUCIFICAR O MESTRE”. É assim que milita essa
geração. Ora, ainda bem que não estavam lá. .
Sempre crucificamos
Pedro por ele ter negado o Mestre. Quem somos nós para assumir essa posição de
superioridade? O mesmo Pedro após um discurso levou três mil pessoas a
conhecerem o evangelho. Não precisou cheirar bíblia, nem criou movimentos com
fórmulas mágicas para aproximar pessoas ao Eterno, não se baseou no asceticismo
para fazer com que o evangelho penetrasse nas vidas e mudasse o caráter das
pessoas. Nós negaríamos o Mestre também. O sujeito caminhou com Jesus, ouviu
seus ensinamentos, até sobre as águas andou e você ainda acha que só por ter uma
religião que não se mobiliza para impactar a nação pode ser melhor?
Acha mesmo que na
Eternidade o Pai virou-se para o Mestre e disse: “viu, meu Filho, eles
conseguiram parar o Aragão. Vamos comemorar, chame o coral para tocar, hoje é
festa no céu.”?Acha mesmo que está fazendo alguma coisa para o reino quando se
gloria por isso?
Livre-se dessa necessidade
de aceitação. Que mediocridade desejar que seu patrão seja um crente da sua
denominação, ou que um famoso pertença a sua congregação. Esqueça isso. Nunca
leu Tiago 2? Anuncie o evangelho refletindo-o
em seu caráter. Glorifiquemos ao Eterno pelo que Ele é e pela obra redentora
desempenhada por seu Filho, e não pelo fato de algum tolo desistir de uma
atitude que denigra a imagem daquele que dizemos conhecer.
Enquanto fazemos
nossa passeata rumo à casa de Pilatos com nossas camisas estampadas, as
famílias dos sacerdotes fazem da casa de oração um esconderijo de ladrões. É
isso mesmo, nos preocupamos com coisas que não tem efeito para o reino enquanto
a sujeira se estende diante de nossos olhos. Somos omissos frente ao que
deveríamos agir e perdemos tempo militando por causas fúteis. Enquanto isso,
muitas igrejas (instituição, por favor) são transformadas em verdadeiras
lavanderias de dinheiro sujo. Pessoas passando necessidade dentro dessas
comunidades enquanto oportunistas lesam a fé dos pequenos, praticando o ideal “pequenas
igrejas, grandes negócios”. Cadê as passeatas para que o evangelho puro e
simples seja proclamado?
Paulo daria um
sermão que nos envergonharia. João nos chamaria pelos nomes mais pesados. Pedro
puxaria a faca para nós. O centurião iria zombar de nós. A mulher do fluxo de
sangue diria que não sabemos a quem servimos. A mulher samaritana, diria que
não compreendemos o amor do Eterno para conosco.
Tenhamos vergonha
de associar o nome de Cristo a esse cristianismo que busca aceitação. Ele não
queria isso. O Mestre preferiu se fazer
homem, tomar nosso lugar e oferecer sacrifício completo para nos restituir a
aliança quebrada no Éden e anunciar um reino pautado no amor ao próximo. O
Eterno não depende que o Didi desista de alguma coisa para que a sua obra tenha
êxito. Se os anjos pudessem nos aniquilariam por tamanha demência de nossa
parte, pois eles queriam refletir o caráter do Eterno para que outros também fossem
alcançados. E nós aqui, vislumbrando a aceitação de terrenos. Que o Eterno nos
dê a Paz!